Planejamento para conhecer a Serra da Capivara
Primeiro, vamos nos localizar e ver como chegar até lá:
- saindo de Teresina
de carro – pela BR-316, continuar pela BR-343 até Floriano, girar à direita para a BR-230, depois seguir pela PI-140 e continuar na BR-324 até São Raimundo Nonato (rota com 520 km). Um trajeto de 8h.
de ônibus – ônibus diário, três vezes ao dia, a partir do Terminal Rodoviário de Teresina.Terminal Rodoviário Governador Lucídio Portella. Rodovia Gov. Lucídio Portella, s/nº, Bairro Redenção. Tel: (86) 3229-9047 / 3229-9048
- saindo de Petrolina ou Juazeiro
de ônibus – ônibus diário, uma vez ao dia, a partir do Terminal Rodoviário de Petrolina.Terminal Rodoviário Governador Nilo Coelho
Avenida Nilo Coelho, s/nº, Bairro Gercino Coelho
Tel: (87) 3862-3200
- saindo de Salvador
de carro – o melhor trajeto é ir até Juazeiro ou Petrolina (trajeto de 8h), pernoitar em uma destas cidades e seguir para o Piauí via Remanso pela BA 324, são 100 km entre Remanso e São Raimundo Nonato sendo que 34km não é asfaltado ( é o trecho que separa Remanso de Dirceu Arcoverde) e tempo gasto é de 6h. São muitos buracos, mas buracos amplos e suavidades pelo intenso trânsito de carretas. Sim, muitas e muitas carretas utilizam esta rodovia para encurtar a distância entre Bahia e Piauí. Portanto, não se amedronte, pegue esta via e chegue em São Raimundo Nonato tranquilamente. O Governo da Bahia está fazendo os trabalhos de pavimentação e em breve toda a estrada estará asfaltada. #oremos!
Governo da Bahia trabalhando na BA 324 – trecho entre Remanso e Dirceu Arcoverde |
de avião – infelizmente não há aeroporto em São Raimundo, aliás o que tem não funciona e portanto o aeroporto mais próximo é o de Petrolina.
* Se você é de Salvador, vá de carro próprio ou alugue um em Petrolina e não deixe de conhecer Dunas do Velho Chico.
Onde ficar em São Raimundo Nonato
Agora que a gente sabe chegar, vamos buscar uma hospedagem. Em São Raimundo Nonato não há tantas opções e as que existem são simples. O hotel mais estrelado é o Real e nós escolhemos a Pousada Ninho da Siriema ( contato: 089 98124.0908 whatsapp), um lugar simples e que atendeu nossas necessidades. Quem cuida do local é Itamar e sua mãe Ivete. Oferecem café da manhã bem simples: café, leite, pão, bolo e suco. Valor da diária: de 90 a 160 reais. A localização é muito boa, ao lado da Rodoviária.
Há também o Albergue da Serra da Capivara e fica no mesmo local da fábrica de cerâmica. Seguem abaixo valores, tipos de acomodações e os telefones:
Pronto, a gente já sabe chegar e onde ficar, vamos passear pelo Parque? Não! Você não pode ir assim de qualquer jeito, antes você precisa contratar obrigatoriamente um guia.
Como contratar guias para Serra da Capivara
Os guias possuem roteiros já prontos que podem se adaptar a sua necessidade. Faça contato prévio, diga o que deseja muito conhecer e pronto. Indico dois: Reonei ( 089 98122.0126), e Maria Joana ( 089 98130.3577). Excelentes! O valor da diária para um grupo de até oito pessoas é 150 reais. Não indico o Rafael Morais, péssimo guia! Agora sim, vamos desbravar um pouquinho do PARNA Serra da Capivara.
Quais as trilhas da Serra da Capivara? Bom o site do Parque explica cada uma e já sinaliza quais as mais realizadas. Clique aqui para ver. E tem gente que junta Serra da Capivara e Serra das Confusões, daí fazem um roteiro em 5 dias mais ou menos.
Dia 1 – Boqueirão da Pedra Furada, Caldeirão do Rodrigues, Mirante da Serra, Toca do Boqueirão da Pedra Furada, Cerâmica Serra da Capivara e Museu do Homem Americano
Após registro na portaria na entrada Boqueirão da Pedra Furada, seguimos para a nossa primeira trilha que envolve pinturas rupestres e vistas incríveis. A recepção é a melhor possível e boa parte do caminho é feito com sombra das árvores. o tempo favorecia, estava nublado. Maravilha!
A primeira toca que visitamos com pinturas rupestre é a Toca do Sítio do Meio.
Toca do Sítio do Meio |
Daqui partimos para a Toca do Boqueirão do Rodrigues com mais pinturas rupestres e onde a natureza desenhou formações interessantíssimas e lindas para fotografia.
Seguindo o roteiro, chegamos a um mirante com vista para Pedra Furada abraçada pelos paredões coloridos.
Andando mais um pouquinho chegamos ao Caldeirão do Rodrigues. Lindo paredão que nos transporta para outro mundo. Admiramos tudo aquilo e ficamos sem palavras.
Subimos mais um pouco e chegamos ao mirante Ponta da Pedra e parece que vamos ao encontro do infinito com vista para toda região do Sítio do Meio e do Museu da Natureza.
Ponta da serra |
Voltamos todo o trajeto para conferir a cereja do bolo (ou do Parque) que é a Pedra Furada, símbolo do Parque. Em nossa frente, de maneira imponente, vemos o resultado da ação natural do tempo que construiu algo muito interessante. Aqui deixe a imaginação ir longe e tire várias fotos criativas. A nossa imaginação não viajou tanto e seguimos a orientação da guia para esta pose:
Ali perto há uma lanchonete. Paramos para comer e recarregar as energias com uma bebida que eu gostei muito, a cajuína. Seguimos para ver outras pinturas rupestres. E este é um dos maiores atrativos do Parque Nacional da Serra da Capivara: as pinturas rupestres. E por que estas pinturas tem tanta importância para a arqueologia e para o mundo? A riqueza cultural e o caráter único dos sítios de pinturas levou o Parque a receber o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, dado pela UNESCO em 1991 e como Patrimônio Cultural Brasileiro pelo IPHAN em 1993. Atualmente há 204 sítios preparados para receber visitantes, inclusive cadeirantes, é o maior sítio de pinturas rupestres das Américas. Muitos atributos não é?
Toca Boqueirão da Pedra Furada com passarela metálica |
Este sítio museu é o motivo de discórdia e talvez readequação, segundo os pesquisadores, da teoria da povoação do continente americano. O conceito mais antigo diz que a América começou a ser povoada apenas pelo norte e que a parte sul nunca foi habitada durante a pré história. Porém as escavações feitas no Boqueirão da Pedra Furada sinalizam presença humana na América do Sul há milhares de anos. E daí não podemos deixar de falar de Niéde Guidon, a pesquisadora e mentora da criação do Parque e preservação dos sítios arqueológico. Ela é de Jau, São Paulo e estudou na França e junto com uma equipe de estudiosos franceses tem escavado a Serra da Capivara em busca de vestígios do homem pré histórico.
Mas vou ser sincera, para pessoas leigas como eu, tem hora que cansa ver tantas pinturas, mas não nos preocupamos pois o Parque tem muuuitos atrativos naturais e as paisagens são lindíssimas. E você pode pedi ao guia um roteiro mais focado em paisagens se não tem tanto interesse em pinturas.
o mocó – estão por toda parte e nas pedras vemos as fezes deles |
As horas avançam e já é mais de 14h. Vamos para a fábrica de cerâmica da Serra da Capivara. Era um domingo e não havia artesãos no local, mas um rapaz que trabalha lá nos explicou tudo e demostrou como as peças são feitas. Os produtos são comercializados por diversas lojas, entre elas, a TOK STOK. Tudo lindo e maravilhoso, mas muito caro. Na lojinha, há algumas peças em promoção e aí você pode fazer a festa. Aceitam cartão e parcelam.
Além das pinturas rupestres, os pesquisadores descobriram na região, grafismos, artefatos, fósseis humanos e de animais como a preguiça gigante e o tigre-dente-de-sabre, entre outros. Alguns destes vemos no Museu do Homem Americano que vistamos ao final do dia.
Museu do Homem Americano em São Raimundo Nonato
O Museu fica na cidade de São Raimundo Nonato, a uns 20 minutos do Parque da Serra da Capivara. Fecha na segunda feira e o ingresso custa 20 reais. Situado na sede da FUMDHAM, o Museu do Homem Americano foi criado com o objetivo de divulgar a importância do patrimônio cultural deixado pelos povos pré-históricos.
Tudo que foi encontrado nas escavações no Parque, foi catalogado e exposto aqui no Museu. São achados que revelam muito sobre estes povos que habitavam esta região do Brasil. As pedras talhadas, por exemplo, revelam que os índios dominavam muito bem a técnica de preparo dos materiais.
Dia 2 – Desfiladeiro da Capivara, Museu da Natureza e Baixão das Andorinhas
Deixo aqui uma sugestão: começar a trilha logo cedo com sol “frio” e mais disposição.
Por aqui, no Sítio do Meio, há algumas pousadas e hotéis o que permite se hospedar praticamente dentro do Parque |
Começamos nossa trilha a partir do povoado de Sítio do Meio em direção a Trilha da Pedra caída. Essa é aventura mesmo e não indico para quem tem vertigem e problema de coração. É um desnível de 150 mt e 76 mt de escada de ferro e a coisa é bem sinistra, rsrs. Mas a recompensa é esta:
meu pai tem 60 anos e ainda posou de super man, rsrs |
Depois de admirar a vista, descemos com o coração na boca e ao mesmo tempo rindo da aventura. Daqui seguimos com o guia e um casal gaúcho que se juntou ao nosso grupo, para o Desfiladeiro da Capivara.
Pegamos a BR 020 que contorna boa parte do Parque e que encontra-se em excelente estado. Após registro na portaria do Desfiladeiro da Capivara, seguimos o trajeto com o nosso carro e vamos parando nos seguintes pontos:
Toca do Inferno – se o inferno fosse assim cheio de luz e cor, estaria ótimo, rsrs.
Toca do Barro – é interessante a quantidade de seixos de vários tamanhos e cores.
Baixão da Vaca – o guia explicou que neste local se criava gado e as pinturas estão dispostas só de um lado do cânion. O lado da sombra, claro! rsrs
Toca do Paraguaio – este foi o primeiro sítio apresentado a Dra Niéde Guidon em 1970 em sua primeira vista a região. Além de pinturas foram encontrados esqueletos humanos nas escavações.
Museu da Natureza no Parque Serra da Capivara, Piauí
Enquanto o Museu do homem Americano conta a história do homem, este Museu conta a história da natureza, mas do ponto de vista da evolução. É um museu interativo e auto explicativo.
animais empalhados e colocados em material de vidro |
os dinossauros : surgimento e desaparecimento |
possíveis dentes de mastodontes |
painéis explicativos |
um simulador de vôo de asa delta sobre o Parque Serra da Capivara. bem legal! |
vista do mirante do Museu |
É importante salientar o que muitos estudiosos na área afirmam sobre os trabalhos de Niéde Guidon:
“Embora sua teoria tenha lacunas, o acúmulo de evidências arqueológicas fortalece cada vez mais suas hipóteses. O seu trabalho resultou em mais de 1,3 mil descobertas de sítios arqueológicos e centenas de fósseis na região da caatinga.” Fonte: Super Abril
O Museu da Natureza se destaca na paisagem da caatinga e nesta época do ano (verão) o verde contrasta com o vermelho da edificação.
Valor: R$ 30 ( inteira) R$15 ( meia)
Horário: 13 – 19 h. Não abre as terças.
Pronto, depois de matar a curiosidade em conhecer o Museu da Natureza vamos para o Baixão das Andorinhas que fica do oooutro lado do Parque. O trajeto leva uns 30 minutos de carro e envolve estradas de asfalto e terra vermelha. Passamos pela portaria da Serra Vermelha e depois de uns minutos estamos no camarote do Baixão das Andorinhas.
Aqui descrevo uma experiência muito muito interessante. Não dá para filmar ou fotografar o momento. Ainda bem! Chegamos por volta das 17h. No céu um pouco nublado há um grupo de várias andorinhas, mais ou menos umas 20 ou 30, sei lá. São várias, gritando e voando. Nós, seres humanos, ficamos com pescoço duro olhando pra cima e esperando ver que acontece.
Na minha cabecinha elas irião fazer aqueles vôos rasantes em câmera lenta entre as rochas. Ledo engano! Distraída ouço algo cortar o vento e entrar no baixão como a velocidade da luz. Ninguém sabe, ninguém viu! Daí o guia diz que foi uma andorinha. Então o sinal é que nós devemos ficar atentos e observar o que acontece.
E assim, uma a uma, as andorinhas vão entrando na sua toca. Entram com rapidez e pontualmente as 18h, TODAS estão lá dentro. Simplesmente incrível! Perfeito! Sem palavras! Acabou, vamos simbora pra São Raimundo Nonato.
Bom, estes foram dois dias maravilhosos neste lugar do Brasil que merece lugar especial em nossos corações. Vale muito a pena planejar sua viagem para São Raimundo Nonato. Leve sua família e divirta-se muito. Ah, se você é cadeirante e tem mobilidade reduzida, não se preocupe tem roteiro específico para você. Ou seja, não tem desculpas.