Onde o famoso poeta dos escravos, Castro Alves, nasceu? Poucos sabem. Isso não causa admiração pois, sua cidade natal não tem tanta divulgação como deveria. No entanto, o Parque Histórico Castro Alves, no município de Cabaceiras do Paraguaçu, recebe turista do mundo todo e é sobre ele e outras atrações desta cidade que você vai conferir neste post.
Como chegar?
De carro: são 160km de Salvador, seguindo pela Br324, depois Br101 e em Governador Mangabeira você segue a Ba 491 observando a placa que indica a estrada/balsa para Santo Estevão (Br 116).
A Br101 está em bom estado, porém tem muitas carretas. A Ba491 é excelente, maravilhosa, bem sinalizada. A Br324 é horrível, embora seja pedagiada.
De ônibus: a empresa que atende a cidade é a Viação Jauá (71 3450-7961) e você confere os horários e valor de passagem no site, clique aqui.
Saindo de Salvador, você vai passar pela ponte da Pedra do Cavalo. De um lado, a Barragem, uma obra que tem mais de 20 anos e serve para abastecimento, controlar enchentes e produzir energia elétrica em pequena escala. Meu sonho é ver estas comportas abertas, mas isso é muuuito difícil.
Mas a viagem prossegue e continuamos atentos a sinalização até encontrar esta placa na altura de Governador Mangabeira:
Em momento algum vimos uma sinalização específica do Parque Histórico Castro Alves. Eu acredito que fixar uma placa a partir da Br101 ajudaria na localização e divulgação do atrativo.
Seguimos tranquilamente pela Ba491 e quando nos sentimos perdidos, perguntávamos aos moradores. Cabaceiras só tem uma entrada e saída, assim seguimos sempre em frente até chegarmos na praça da cidade. Como era feriado de Corpus Christ, havia uma multidão seguindo para a Igreja. Desviamos e estacionamos próximo ao Parque.
Um senhor muito simpático nos recebeu na portaria e pediu para assinarmos a lista de visitantes. Caminhando pelo jardim, observamos o mapa do Parque. São mais de 50 mil metros quadrados e muita área verde.
Esta não é a casa em que Castro Alves nasceu, mas uma réplica e nela encontramos objetos pessoais, de família, livros, poemas inéditos como o escrito para sua irmã preferida Adelaide, pinturas ( pois é, além de poeta ele era um excelente pintor) e as homenagens que lhe foram feitas ao longo dos anos.
A visita ao museu é guiada e muito bem explicada. Antônio Frederico de Castro Alves, nasceu em 14 de Março de 1847 na Fazenda Cabaceiras, hoje município Cabaceiras do Paraguaçu. Era de uma família rica. Seu pai era médico e quando foi lecionar na Faculdade de Medicina de Salvador, toda família se mudou para a capital. Nesta época, Castro alves tinha 5 anos de idade. Primeiro, moraram na Avenida Sete de Setembro, depois no Centro Histórico e por fim, no Solar Boa Vista em Brotas.
Irmãs de Castro Alves: Elisa, Adelaide e Amélia |
Pais: Antônio José Alves e Clélia Brasília da Silva Castro |
Castro Alves teve como grandes amigos e influenciadores Rui Barbosa, Fagundes Varela, José de Alencar e Machado de Assis. Teve também muitos amores como Ester Amazalack, Leonídia Fraga, Brasília Viera, a italiana Agnese Trinci Murri e a atriz portuguesa Eugênia Câmara, considerada o grande amor da sua vida.
Sempre esteve entre a Bahia, Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro, declamando seus poemas, fossem eles sociais, abolicionistas, românticos ou de exaltação a natureza. Alguns deles, foram peças de teatro como ” Gonzaga ou a Revolução de Minas” que foi apresentada na Bahia, Rio e São Paulo.
Em 1863, Castro Alves sofre de uma tosse com sangramento que não teve um tratamento adequado e com o tempo se agrava. Em 1868, numa caçada no Brás, São Paulo, dispara acidentalmente a espingarda que lhe acerta o pé que precisa ser amputado sem as técnicas que conhecemos hoje. Sua tosse se agrava após a noite de São João e ele morre aos 24 anos, no Palacete do Sodré, em Salvador, em 6 de julho de 1871.
Um baiano que merece consideração pela existência do Parque Histórico Castro Alves, é Pedro Calmon que nasceu em Amargosa, município baiano, e foi um homem destacado na área do Direito e da História e impressionava por sua oratória. Foi jornalista, reitor, ministro, advogado, professor, deputado estadual e federal e outros. Foi um grande biógrafo de Castro Alves e responsável pelo esboço do traçado do projeto deste Parque inaugurado em 1971, ocasião do primeiro centenário da morte de Castro Alves.
Após a visita ao museu, fomos caminhar pela área verde. Passamos pelo pouso de Adelaide, irmã de Castro Alves. Descemos as escadas em direção a fonte e a cruz na estrada enquanto avistávamos os saguis pulando de um lado pro outro. Retornamos para a casa museu por um caminho de terra e terminamos nossa visita. Saímos satisfeitos em conhecer a vida e obra deste baiano que morreu tão jovem, mas deixou uma história que permanece viva por mais de 142 anos.
Sagüi |
Para Castro Alves, o escravo só era livre quando morria |
Fonte Castro Alves construída em 1953 |
A natureza e seus constrastes |
Agora, nosso passeio vai mudar de contexto, vamos para as margens do Rio Paraguaçu. Seguimos pela Ba491 e após uns 15 minutos, chegamos ao fim da estrada:
Esperando o tempo melhorar para fazer a travessia |
Pois é, a estrada termina no rio e esta é a balsa que faz a ligação entre os municípios de Cabaceiras do Paraguaçu e Santo Estevão. São 10 minutinho de travessia muito tranquilo e com uma paisagem maravilhosa. Mas daqui a pouquinho eu conto isso.
Antes de atravessar estávamos morrendo de fome. Meu pai coitado, quase sem forças para falar. Assim, paramos no Agenor Bar e pedimos um caldo de sururu (R$5), duas codornas (R$6 cada) e um tilápia frito (R$25) acompanhado de feijão tropeiro, arroz, salada e farofa. Tudo barato e gostoso. O ambiente é simples e rola som de carro com a permissão do dono do bar. Se ele não autorizar, nada de som!
Agenor Bar. Simples, barato e pertinho do rio |
A belíssima vista desde o Agenor Bar |
O horário de saída da balsa não é fixo. Se tiver carro, atravessa, se não, espera até aparecer um carro. O tempo de espera é de mais ou menos 20 minutos.
E o que esta balsa transporta? Bem, quase tudo!
Carro estaciona na balsa de ré |
A motoca desfilando em grande estilo … |
Vai caminhão também… |
Até cavalo … |
E caminhão com frutas … |
Mas não é de graça não, viu…rsrs
Nos dias com baixa movimentação pedestre não paga, esse foi nosso caso.
De um lado e do outro, às margens do rio há restaurantes. Imagino que durante o verão deve bombar! Neste dia, embora feriado, estava nublado e a movimentação era pouca. Atravessamos de balsa para conhecer o lado de Santo Estevão, mas só há poucas casas e os restaurantes.
No terreiro ou na panela? rsrs |
Um banho para refrescar … |
Vista de Cabaceiras do Paraguaçu desde Santo Estevão. Foi por essa estrada que chegamos e daí parte a balsa |
O nome “Paraguaçu” é de origem tupi e significa “mar grande”, através da junção dos termos pará (“mar”) e gûasu (“grande”) . No Brasil Colônia, foi escrito de várias formas: Paraguaçu, Paraoçu, Paraossu, Peroguaçu, Perasu, Peoassu e Peruassu. Ele nasce no Morro do Ouro que fica na Serra do Cocal em Barra da Estiva, Chapada Diamantina e é o maior rio genuinamente baiano. Ele merece nosso respeito e admiração, pois é quem abastece Salvador, Região Metropolitana ( incluindo o Recôncavo) e Feira de Santana.
Parece o mar, né? |
As aves com vôos rasantes sobre as águas, um espetáculo! |
O que temos para hoje a tarde? Bater papo às margens do Rio Paraguaçu |
Tivemos o prazer em conhecer uma família que trouxe um senhor com dificuldade de locomoção para apreciar o Rio. Um dos membros da família, o Geraldo, trabalha na Barragem da Pedra do Cavalo e contou que o pai dele trabalhou na construção da Barragem e colocação das comportas. Daí, perguntei porque dificilmente vemos as comportas abertas. Ele me explicou que o volume de água represada não é o suficiente para abrir as comportas e que às vezes abrem para manutenção, mas isso é raro. Continuo na esperança de realizar meu sonho…rsrs.
Antes das 17 horas voltamos para Salvador, mas queríamos muito ver o pôr do sol que deve ser magnífico. Porém, ficamos felizes em conhecer mais um pedacinho da Bahia e pessoas simples com história incríveis.
Parque Histórico Castro Alves
Praca Castro Alves, 106 – Centro,
Cabaceiras do Paraguaçu – BA, 44345-000
Visitação: terça a sexta, das 9h às 12h e das 14h às 17h. Sábados, domingos e feriados, das 9h às 14h.
Antes de ir, ligue para confirmar: (75) 3681-1102
Atenção: aos finais de semana, principalmente no verão, há muita movimentação de motos e jovens próximo ao rio. Prefira ir num feriado no meio da semana, mas antes ligue para o Museu.
3 comentários em “Cabaceiras do Paraguaçu/Bahia: a terra do poeta Castro Alves”
legal, bem simples mais com boas fotos e comentários uteis.
Gostei da sua descrição. Parabéns pelas informações precisas. Ah! As fotos estão legais!
Muito obrigada Andrea!
Vale a visita a este Museu.
Abraços!